quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Insônia.

     Eram cinco da manhã. Ela havia revirado os lençóis. Havia revirado a cama, o colchão, o pensamento, os ares, tudo. Havia esperado uma manhã que quase não chegava. Não chegava. Porém, chegou. O céu abriu, juntamente ao nascer do sol. A lua adormeceu, o sol acordou, ela permaneceu intacta. Permaneceu ausente de qualquer sensação que levasse a crer que o tempo teria passado, de alguma forma. "Que danado de tempo é esse?!", resmungava em pensamentos, sem ao menos notar que havia passado. Passou lentamente, mas, passou. O dia estava escuro, mas, era por questão de ansiedade, de espera, de notoriedade. A garota olhava pro relógio e, realmente, por ele, os ponteiros não andavam...estava desligado. Porém, foi num segundo que tudo mudou, pois, o galo cantou e o rádio tocou, por causa daquela programação de ligar numa hora exata, tal como um despertador. Ela despertou. Não despertou no sentido de acordar após uma noite bem dormida ou algo assim, mas, no sentido de acordar de um sonho, de uma paralisia que a tomava, mesmo que estivesse acordada. O motivo do despertar não foi o galo ou a hora marcada, mas, a música que tocava no momento. Era tema de um filme que gostava, uma comédia romântica, mais precisamente. Ela escutou a letra, a melodia, a voz, tudo que podia escutar, como se fosse a primeira vez que a ouvia. Era como se fosse uma canção inédita, mas, não. Não era. Era uma canção velha, ultrapassada, que seguia o rumo do que havia sentido. Percebeu que não passava de sonho, um sonho real, um sonho de alguém que tinha acordado. Foi aí, então, que a música acabou. Foi aí, então, que a insônia passou. Foi aí, então, que a menina dormiu...às cinco da manhã do outro dia, quando o rádio cansou de dar replay, e quebrou. O telefone não parava de tocar, mas, o rádio quebrou. O rádio quebrou e o telefone não parava de tocar. Acordou. Atendeu. Desligou. Era só alguém querendo saber do tal do ''estar bem'' do qual ela já não ouvia falar há muito. E o telefone quebrou.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Chance.

     No rumo em que as coisas são levadas, quase sempre - mais para o sempre - surgem obstáculos, barreiras e muros. Eles vêm sem aviso prévio, ou pior, há aviso. O problema é quepor várias vezes, levados pelo medo, nos despistamos e não vamos em frente. Ao invés de derrubarmos esses muros para ver e sentir o que há no próximo nível, fazemos neles pequenos buracos, e vemos o outro lado por uma pequena brecha, só que não notamos uma coisa: o muro ainda está lá na nossa frente e só sairá quando o derrubarmos. Para esses muros, nós precisamos de chances para derrubá-los.
     É aí que vem o papo de chance. Ter uma chance, dar um chance, enfim. Chance de lutar, chance de conseguir. Só se consegue, lutando. Só se luta, quando há chance para tal. E daí? E daí que todos necessitam de uma chance, pelo menos, em toda a vida. Certo, não só uma, mas, várias e várias e várias e várias e várias,...e várias chances. Porém, uma dúvida: por que dar uma chance? Por que dar várias chances? Neste instante, você é quem me diz.
    Falando por mim, talvez eu não seja digna de ter essa tal da chance, afinal, das minhas características, quem pondera são os defeitos e não as qualidades. Sou ansiosa; não durmo quando tenho algo para ser feito ou por não ter feito algo; sou nervosa, quando alguma coisa me afeta; paciente até certo ponto; medrosa, que finge ter coragem; atrevida quando o medo ataca; impulsiva, agindo pelo momento e não me segurando quando devo, fazendo ou falando asneiras; insegura; frágil demais, tanto que chega a ser enjoativo; às vezes, não falo nada com nada; chorona, do tipo que é a manteiga derretida escrita e desenhada, sem pôr nem tirar; às vezes, muito irracional, agindo sem pensar e sem pensar em agir já agindo; falo besteira, agindo como criança e rindo como tal; posso ser mulher, embora seja dependente... enfim, não preciso nem dizer escrever tanto, se me conhece assim e sabe que sou. Sãovários, sãoinúmeros os defeitos da pessoa que vos fala. Tenho vários problemas, tenho vários defeitos, não sou tão boa quanto deveria e nem quanto gostaria de ser, mas, é. Apesar das tentativas de não ser, eu sou, eu tenho e não sou. Certo, com o tempo, a gente vai minimizando e tudo o mais, só que vou continuar com alguns dos defeitos insuportáveis e é aí que a gente faz um balanço do que é realmente importante, do que realmente importa. Só se conhece o outro a quem se gosta, quando se convive e é convivendo que a gente aprende ou não a lidar. No caso, se sim, significa que há um ''gran finale'' para o filme. Caso, se não aprender, a tragetória muda, muda o capítulo do filme...ou, há ainda um terceiro caso, que é o de o filme nunca acabar, porque o capítulo passa, mas, as personagens são as mesmas. Neste caso, acontece porque tem de acontecer e acontece porque há a chance de acontecer novamente. É, lá vem a chance outra vez...
     No mais, é simples: há uma situação, há um muro, há um outro lado e há duas pessoas. UMA situação, UM muro, UM outro lado e DUAS pessoas. Vence quem está junto, vence o mais forte, e é o mais forte quem se une num só, quem junta suas forças para enfrentar os desafios. Até porque, eles não são nada quando se jura um ''para sempre''. O ''para sempre'' é posto em jogo agora, não nos momentos mais fáceis, porém, nos momentos em que o muro é maior, mais largo e mais resistente. Só que se resiste, realmente, o mais forte. O mais forte vence. Então, o que é mais forte? Ah! outra coisa que não disse ainda, mas, devo dizer agora...eu creio em príncipes encantados, em finais felizes, em amores eternos. Eu acredito, sim. E você, acredita? Talvez, não. Talvez, sim. Os finais felizes e amores eternos só se acham após quedas e muitos muros, verdade. Não sei se esse final pode ser feliz, mas, quem sabe? Quem é que sabe? Como é que se sabe? Quando se sabe? Quando houver aquilo que martelo há tempos, desde o título até fragmentos do texto: chance. Não há por que dá-la e, muito menos, eu tê-la...é uma questão de crença no que virá. É crença, é chance, é nada mais.


domingo, 7 de novembro de 2010

Fé, muita fé.

     Agora, os medos estavam mais pesados. O negativo nunca havia sido tão negativo. A ansiedade, o nervosismo, o anseio,...tudo estava aqui, sem nem querer que estivessem. E o que mais precisamos, neste momento? Fé! Porque uma etapa passou. Uma etapa cansativa, muito cansativa, já passou. E é só esperar, para que algo, talvez melhor, aconteça. É cruzar os dedos, é desejar, é orar e aguardar, que está vindo o que tem de vir. Porque o sonho pode estar próximo ou não. Mas, vai ser o que será. Sim, vai ser, ou não. Quer dizer, via ser, sim. Talvez, amanhã ou depois, mas, do agora, já vou saber. E o que tiver de ser agora, agora será.