quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Norte.

     Por quantas vezes nos decepcionamos e jogamos tudo para o alto, inclusive a nossa fé? Temos a deprimente e lamentável mania de pensarmos que o nosso bem é feito a partir do que queiramos que seja feito, baseando-nos em nossas próprias idéias egocêntricas do que nos seria benéfico. Lamentalvelmente, somos humanos e, mais lamentavelmente, tendemos ao erro. Só que nosso erro não é o que faz com que aquilo em que acreditamos nos abandone. Aqui, eu falo do meu Deus. Cada um tem um deus, não falando no sentido religioso, mas, no literal, no sentido de crença e fé. Lembrando que ter fé, ter crença em algo, não é exatamente uma religião. Podem pensar que não é o mesmo deus, mas, peraí... o seu deus não é aquele ao qual você pede proteção, alívio, amor e saúde? Então, como é que o seu não é o meu, o dele, o dela, o dos outros? Vendo assim, por esse lado, acho que é sim.
     Falando religiosamente agora, eu creio em Deus acima de todas as coisas. É, neste momento pode soar egocêntrico por estar falando de minha crença, daquilo que é meu, mas, por também ser seu, passa a não tender tanto o egocentrismo assim como imaginou. E mesmo que com certo egocentrismo, digo: o meu Deus não me abandona, assim como Ele não lhe abandonará... Começo a falar-lhe sobre isso porque há algo que vem martelando em minha cabeça, porém, não quer sair de forma alguma e só sairá se eu expressar. O que vejo é que nós temos uma crise sempre que nos deparamos com uma situação de risco, uma situação em que envolve muitos obstáculos e, por isso, ficamos descrentes daquilo que sempre tivemos bastante fé. É aí que vem a minha e, talvez, sua religião... dizemos que Ele nos abandonou, mas, ao passarmos da fase, vemos que Ele estava, não ali, mas, aqui. E quem abandonou quem, afinal? Fomos nós. O nosso Deus nunca nos deixou, pelo contrário, é por Ele que vamos para frente, para o norte. Ele é o nosso norte.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Insônia.

     Eram cinco da manhã. Ela havia revirado os lençóis. Havia revirado a cama, o colchão, o pensamento, os ares, tudo. Havia esperado uma manhã que quase não chegava. Não chegava. Porém, chegou. O céu abriu, juntamente ao nascer do sol. A lua adormeceu, o sol acordou, ela permaneceu intacta. Permaneceu ausente de qualquer sensação que levasse a crer que o tempo teria passado, de alguma forma. "Que danado de tempo é esse?!", resmungava em pensamentos, sem ao menos notar que havia passado. Passou lentamente, mas, passou. O dia estava escuro, mas, era por questão de ansiedade, de espera, de notoriedade. A garota olhava pro relógio e, realmente, por ele, os ponteiros não andavam...estava desligado. Porém, foi num segundo que tudo mudou, pois, o galo cantou e o rádio tocou, por causa daquela programação de ligar numa hora exata, tal como um despertador. Ela despertou. Não despertou no sentido de acordar após uma noite bem dormida ou algo assim, mas, no sentido de acordar de um sonho, de uma paralisia que a tomava, mesmo que estivesse acordada. O motivo do despertar não foi o galo ou a hora marcada, mas, a música que tocava no momento. Era tema de um filme que gostava, uma comédia romântica, mais precisamente. Ela escutou a letra, a melodia, a voz, tudo que podia escutar, como se fosse a primeira vez que a ouvia. Era como se fosse uma canção inédita, mas, não. Não era. Era uma canção velha, ultrapassada, que seguia o rumo do que havia sentido. Percebeu que não passava de sonho, um sonho real, um sonho de alguém que tinha acordado. Foi aí, então, que a música acabou. Foi aí, então, que a insônia passou. Foi aí, então, que a menina dormiu...às cinco da manhã do outro dia, quando o rádio cansou de dar replay, e quebrou. O telefone não parava de tocar, mas, o rádio quebrou. O rádio quebrou e o telefone não parava de tocar. Acordou. Atendeu. Desligou. Era só alguém querendo saber do tal do ''estar bem'' do qual ela já não ouvia falar há muito. E o telefone quebrou.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Chance.

     No rumo em que as coisas são levadas, quase sempre - mais para o sempre - surgem obstáculos, barreiras e muros. Eles vêm sem aviso prévio, ou pior, há aviso. O problema é quepor várias vezes, levados pelo medo, nos despistamos e não vamos em frente. Ao invés de derrubarmos esses muros para ver e sentir o que há no próximo nível, fazemos neles pequenos buracos, e vemos o outro lado por uma pequena brecha, só que não notamos uma coisa: o muro ainda está lá na nossa frente e só sairá quando o derrubarmos. Para esses muros, nós precisamos de chances para derrubá-los.
     É aí que vem o papo de chance. Ter uma chance, dar um chance, enfim. Chance de lutar, chance de conseguir. Só se consegue, lutando. Só se luta, quando há chance para tal. E daí? E daí que todos necessitam de uma chance, pelo menos, em toda a vida. Certo, não só uma, mas, várias e várias e várias e várias e várias,...e várias chances. Porém, uma dúvida: por que dar uma chance? Por que dar várias chances? Neste instante, você é quem me diz.
    Falando por mim, talvez eu não seja digna de ter essa tal da chance, afinal, das minhas características, quem pondera são os defeitos e não as qualidades. Sou ansiosa; não durmo quando tenho algo para ser feito ou por não ter feito algo; sou nervosa, quando alguma coisa me afeta; paciente até certo ponto; medrosa, que finge ter coragem; atrevida quando o medo ataca; impulsiva, agindo pelo momento e não me segurando quando devo, fazendo ou falando asneiras; insegura; frágil demais, tanto que chega a ser enjoativo; às vezes, não falo nada com nada; chorona, do tipo que é a manteiga derretida escrita e desenhada, sem pôr nem tirar; às vezes, muito irracional, agindo sem pensar e sem pensar em agir já agindo; falo besteira, agindo como criança e rindo como tal; posso ser mulher, embora seja dependente... enfim, não preciso nem dizer escrever tanto, se me conhece assim e sabe que sou. Sãovários, sãoinúmeros os defeitos da pessoa que vos fala. Tenho vários problemas, tenho vários defeitos, não sou tão boa quanto deveria e nem quanto gostaria de ser, mas, é. Apesar das tentativas de não ser, eu sou, eu tenho e não sou. Certo, com o tempo, a gente vai minimizando e tudo o mais, só que vou continuar com alguns dos defeitos insuportáveis e é aí que a gente faz um balanço do que é realmente importante, do que realmente importa. Só se conhece o outro a quem se gosta, quando se convive e é convivendo que a gente aprende ou não a lidar. No caso, se sim, significa que há um ''gran finale'' para o filme. Caso, se não aprender, a tragetória muda, muda o capítulo do filme...ou, há ainda um terceiro caso, que é o de o filme nunca acabar, porque o capítulo passa, mas, as personagens são as mesmas. Neste caso, acontece porque tem de acontecer e acontece porque há a chance de acontecer novamente. É, lá vem a chance outra vez...
     No mais, é simples: há uma situação, há um muro, há um outro lado e há duas pessoas. UMA situação, UM muro, UM outro lado e DUAS pessoas. Vence quem está junto, vence o mais forte, e é o mais forte quem se une num só, quem junta suas forças para enfrentar os desafios. Até porque, eles não são nada quando se jura um ''para sempre''. O ''para sempre'' é posto em jogo agora, não nos momentos mais fáceis, porém, nos momentos em que o muro é maior, mais largo e mais resistente. Só que se resiste, realmente, o mais forte. O mais forte vence. Então, o que é mais forte? Ah! outra coisa que não disse ainda, mas, devo dizer agora...eu creio em príncipes encantados, em finais felizes, em amores eternos. Eu acredito, sim. E você, acredita? Talvez, não. Talvez, sim. Os finais felizes e amores eternos só se acham após quedas e muitos muros, verdade. Não sei se esse final pode ser feliz, mas, quem sabe? Quem é que sabe? Como é que se sabe? Quando se sabe? Quando houver aquilo que martelo há tempos, desde o título até fragmentos do texto: chance. Não há por que dá-la e, muito menos, eu tê-la...é uma questão de crença no que virá. É crença, é chance, é nada mais.


domingo, 7 de novembro de 2010

Fé, muita fé.

     Agora, os medos estavam mais pesados. O negativo nunca havia sido tão negativo. A ansiedade, o nervosismo, o anseio,...tudo estava aqui, sem nem querer que estivessem. E o que mais precisamos, neste momento? Fé! Porque uma etapa passou. Uma etapa cansativa, muito cansativa, já passou. E é só esperar, para que algo, talvez melhor, aconteça. É cruzar os dedos, é desejar, é orar e aguardar, que está vindo o que tem de vir. Porque o sonho pode estar próximo ou não. Mas, vai ser o que será. Sim, vai ser, ou não. Quer dizer, via ser, sim. Talvez, amanhã ou depois, mas, do agora, já vou saber. E o que tiver de ser agora, agora será.

sábado, 30 de outubro de 2010

!

     Por mais que queiramos, há sempre um ''mas'', um ''apesar de''. Querer não é conseguir, tentar não é ter. Tudo fica assim, sem chão, sem arreio, sem pé nem cabeça. Talvez, aquela mesma pessoa que te faça o bem, é a mesma que você não leva um bem suficiente. Sua incapacidade, imaturidade ou qualquer coisa que seja, não são motivos para fazê-la mal, então, faça bem pro seu bem...não faça quem você ama sofrer. Cresça! e pare de fazer tudo errado. Pare de deixar tudo como está. Pare de ficar todo errado e de fazer tudo errado. Isso mesmo, cresça e coloque quem você ama em primeiro lugar. Faça de tudo, para não perder. Porque, se perder, vai ser tarde demais. Então, bote os pingos nos ''is'' e faça um balanço. O que é que mais vale à pena: ficar só num dia de sábado, enquanto podia estar melhor, ou não? Quem você precisa para estar bem é o mesmo alguém que precisa de você.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Juro.

     Deixei de acreditar em amor à primeira vista e em amores eternos, chegando até a jurar que jamais encontraria o que se chama de amor, pois, este seria mera ilusão, fantasia ou sei lá o que fosse.  Havia sofrido desilusões e não as queria sofrer mais, nunca mais! Eu não me apaixonaria mais e não mais sofreria, então! Mas, não. Não foi bem assim... Após um tempo de fazer o tal juramento, Deus veio me provar que eu deveria refazê-lo. Pois, a paixão poderia ser sinônimo de sofrimento, mas, o amor...o amor, não.
     A necessidade de falar e de estar perto todos os dias me tomaram, sem nem entender por quê. Mas, o por que apareceu após uma terça-feira qualquer, durante uma aula tediosa de matemática. Foi a partir do dia seguinte que tudo passou a crescer. E era quando tentava fugir que aquilo mais crescia. Porque para o amor, não há fuga. Não houve escapatória para mim, não houve escapatória para você. Nossos destinos cruzaram, nós nos cruzamos. E naquele instante, as ''crenças'' e aquele juramento, não passavam de nada, já este amor, passava de tudo. O nosso amor passou de tudo. 
     O que Deus me fez, naquele dia, foi te jurar amor eterno. Então, eu te juro. Te juro amor eterno, meu amor.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cartas de Amor (Fernando Pessoa)

Ps.1: Sim, sou ridícula.
                                                          Ps.2: Sim, dizer que sou ridícula é uma forma de dizer ''eu te amo'' 
sem necessariamente dizer.        
                                   Ps.3: Sim, agora, com todas as letras: eu te amo.

Todas as cartas de amor
são ridículas.

Não seriam cartas de amor
se não fossem  ridículas.

Também escrevi, no meu tempo,
cartas de  amor como as outras,
ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
têm de ser ridículas .

Quem me dera o tempo,
em que eu escrevia
sem dar por isso, cartas de amor ,
ridículas.

Afinal,só as criaturas
que nunca escreveram Cartas de amor
        É que são ridículas...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

     A voz começou a ficar rouca. Saiam só palavras embaralhadas, coisas sem sentido algum, que falando parecia até o oposto do que queria dizer. Mas, foi.   Disse o que não queria, sem querer, só por não pensar em como dizer direito, e fez uma burrada. Após falar, as vozes calaram-se, veio o silêncio absoluto. Não saía mais nada. E só pensava, junto ao silêncio, que devia ter aproveitado o vestígio de voz que ainda possuía para falar direito, o que realmente queria, o que realmente sentia. Mas, não. Burra. É, burra. Sentia-se uma idiota por esquecer de pensar antes de falar qualquer vírgula, qualquer ponto ou ficar em qualquer silêncio que fosse. Magoou-se. Magoou, também, quem menos queria. Só por não saber falar, por não entender nem o que ia falar, por ter embaralhado as palavras.   Desligou sem nem poder se despedir. A voz rouca tornou-se soluço...vieram lágrimas. A dor tomou o espaço, na verdade, tomou um vazio tornando-o espaço. O espaço do ''eu te amo''.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quase nada.

"Se tudo passa, como se explica o amor que fica nessa parada e o amor que chega sem dar aviso?"











(Zeca Baleiro)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

domingo, 8 de agosto de 2010

Nostalgia musical.

Teu xodó é que nem noda de cajú. 
Desde que abracei tu, nunca mais quis me largar.
Teu xodó é que nem fogo na fornalha. 
Sai queimando a minha alma na hora de xodozar.
Por teu xodó, dou abraço em porco espinho. 
Beijim, beijim em malagueta. Só pra você voltar pra mim.
Teu xodó tem um chamego diferente. 
É igualzinho a dor de dente, que só passa de manhã.
Mas, torna a voltar quando o sol ta se escondendo.
Mas, torna a doer... Olha a lua aparecendo.
 
 
 
 
Saudade de uma infância não muito distante. Saudade de um janeiro um tanto perto, mas, nem tanto... e nem tão longe quanto a infância. Saudade que se aplica à musica, lugares, pessoas, instantes, climas, aromas, sensações, sentimentos, cores,... coisas que, talvez, não voltem fisicamente, mas, estarão sempre na memória. Saudade boa. Nostalgia gostosa.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Não perdi. Só não sei onde está.

     Após traumas, mazelas, faltas, presenças, sorrisos, felicidades, amores,... a gente aprende. A gente aprende a mudar. A gente aprende a mudar mudando com o que foi mudado, embora permaneça queimando ainda, bem dentro, bem perto, mas, com o mais importante longe. Muda-se porque e necessário, e não porque é mais interessante. Se bem que, acaba tornando-se interessante que haja uma boa mudança. Muda-se o jeito, o gesto, o juízo, o cabelo, a palavra, o caminho, o cenário, a roupa, o pensamento, o movimento, o sentido, o ausente, o presente, o sentimento. Muda-se, mesmo que nada tenha mudado ao redor. Muda-se o que e de dentro, para alterar algo do que é de fora.  E com tantas mudanças, muda-se quase tudo. Um tudo que não sabemos onde está... ao certo.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sem olhar para trás.

     Nos deparamos, muitas vezes, com aquela sensação de nostalgia. Nostalgia de fases, momentos, instantes, pessoas, aromas, sabores, toques, olhares, sentimentos, climas, chuvas, sóis. Boa é a saudade que nos deixa com um sorriso torto de quem muito é feliz ao relembrar. Porém, torna-se má quando está carregada de arrependimento. Arrependimento por não ter dito, pensado, feito, mostrado ou por ter feito algo que não deveria tê-lo nem sequer pensado... e feito, então?!
     Nós devíamos fazer de tudo para que não houvesse chance alguma para que o arrependimento apareça, mas, ao que me parece, é algo quase que inevitável. Por quantas vezes nos questionamos com o famoso clichê "nós só damos valor a algo quando o perdemos"?     E o que nós fazemos para combatermos nossos atos errôneos? É, isso é retórico, mesmo que já seja mais do que uma resposta subentendida... é óbvio, é evidente, é explícito. Brigamos quando deveríamos abraçar; batemos quando devíamos acariciar; discutimos quando devíamos conversar cordialmente; xingamos quando devíamos elogiar; puxamos os cabelos quando devíamos alisá-los; choramos quando devíamos gargalhar. 
     É assim que se sucede: nós desvalorizamos completamente daquilo que usurfruímos, porém, geralmente, valorizamos apenas o que nos é alheio. E quando perdemos? Ah, agora sim... nos arrependemos completamente. Nos arrependemos porque sabemos que aquilo nunca mais voltará a ser nosso - se é que realmente foi, um dia.      Aprendemos a valorizar depois, já que nunca esperamos que nada nos tire aquilo das mãos e o deixe apenas em memória. Não esperamos que nos atinja como um tumor no coração. Porque nunca iremos esperar que o alguém mais importante de nossas vidas se vá, sem poder ter a chance de lutar contra sua ida, sem lutar contra esse tumor. Então, percebemos: estamos chorando todo o leite derramado... e já foram derramas algumas muitas caixas.

sábado, 24 de julho de 2010

Afinidade Murphyniana ou Macabeismo.

     Tudo para dar certo, mas, dá errado. Ou, quem sabe, tudo para dar errado, mas, dá certo. Sei bem como é isso, bicho. Será Lei de Murphy? Ou será um súbito detalhe de um subconsciente semelhante ao da Macabéa? É, não duvido que sejam os dois. O problema é que isso atrapalha, mesmo que seja o que poderia dar errado, mas, não deu. Às vezes, a gente nem precisa e nem mesmo quer que algo dê "certo", já que nem todo certo é exatamente o certo para nós. Pode ser certo, mas, nem sempre é.
     Um exemplo mais fácil de ser compreendido, mesmo que seja um tanto complexo, está baseado em relacionamentos.  Não é tão simples, mas, tentando, a gente busca entender a teoria...já na prática, não sei. É que, quando se está "sozinho", você está sozinho mesmo. Ninguém. Eu disse "ninguém". Ninguém aparece sorrindo para você com aquele sorriso torto que te deixa babão. E aí? Fica só! Você quer estar junto, mas, está só.  Porém, depois de um tempo, aparece alguém, um alguém que lhe traz um bem danado e que você gosta de verdade. Nesse momento, você não quer se envolver emocionalmente, mas aparece esse alguém, aí você repensa. E a partir desse momento, seus recados no orkut aumentam, recebe depoimentos e as janelinhas do msn se multiplicam e não param de piscar. Não, não é só a pessoa que está com você que está te ligando e mandando mensagens na madrugada de sábado para domingo. Pelo que parece, você não está só, nem querendo estar. porque são vários admiradores, fãs e apaixonados que apareceram 'do nada'. Você fica confuso com todas as possibilidades que tem. É, não dá pra saber muito bem o que fazer.
     Talvez, dê tudo "certo": você fica com um único alguém, enquanto é objeto de desejo de vários que lutam a unha por você, ou você fica só novamente ao tentar estar com um único alguém, já que quando você escolher um só alguém, vai surgir um problema que faça com que vocês acabem ou você perceberá que a pessoa não é exatamente o que esperava, e, por consequência, todos os outros já estão comprometidos e/ou já não se importam com você. Sem falar que, depois do "fora" que deu,  mesmo que tenha buscado não magoá-los, os magoou e perdeu a amizade de todos aqueles que antes lhe veneravam. Pois, é. Isso só acontece porque não é a hora, as pessoas, o lugar ou nada certo ou, talvez, porque não é errado. É aí que está o problema! Murphy tem uma leve queda por você, ou não gosta de você. Ou é isso, ou o problema é com você ou com as pessoas ou com o mundo ou com o momento ou com tudo e todos. E está aí outra coisa que eu não duvido: você pode ter um distúrbio, algo que o ligue à Macabéa da Lispector. Mas, cara, sinceramente, eu sei o que é isso. E quer saber? é foda! Murphy, Macabéa, você: seja o que for, boa sorte...você precisa, e eu também!  Mas, afinal, o que é que custava aparecerem aos poucos ou só quando realmente deveriam aparecer?   Porém, você estará enfadado a ficar sozinho, até perceber que Murphy estava só te preparando para o seu real destino...e aparece um só alguém para mudar sua vida.


ps.: Como ainda estou no estágio de não querer - traumas passados- e aparecerem vários, por favor, Murphy...ajude! Puta que pariu, é difícil!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Outra vez.

     Após um dia sem ter em vista o alguém que queria, a noite trouxe um alguém antigo. O alguém antigo seguiu o olhar, a seguiu, voltou, pôs-se de pé em seu lugar. Não era o lugar mais cômodo, mas, era um lugar que ela poderia tê-lo em vista, então, ótimo! Ela fazia questão de virar seu tronco para que seu corpo ficasse em direção a ele, tendo a absoluta certeza de que ele ainda estava ali presente, compartilhando seu ar com o dela. Foi a passada na rampa mais feliz de sua vida. Ela desceu a rampa, virou o pescoço para que pudesse olhá-lo e olhou-o da mesma forma que ele a estava olhando. Seus olhares cruzaram-se. E descruzaram-se timidamente ao perceberem sintonia nos detalhes dos olhares furtivos que carregavam. Era como mágica. Algum fantástico sonho ou coisa parecida contornava a noite, o lugar. Aquele momento passou de algo simples para algo intenso, apaixonante. Ela sabia que iria encontrá-lo novamente por mais três dias e tentaria, assim, aproximar-se daquele que lhe tirava o sono, que lhe sacava o sorriso, que lhe fazia esquecer as mazelas. E a única mazela daquele instante era ter de esperar vinte horas, até que o visse novamente - não falo do sonho, pois, contando com o sonho, dormiria com ele e acordaria com ele... talvez, nem acordasse, já que gostaria de sonhar aquele sonho tão real, enquanto não o via outra vez.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Enfim.

    Após tanto tempo de iniciativas forçadas por ambas as partes para chegar junto um do outro, o chegar junto foi rápido e natural. Foram três anos para que viesse a coragem de chegarem próximos e falarem algo.  Certo, não tão natural assim, já que em poucos segundos, os carinhos já eram evidentementes tardios, pois os esperavam pretensiosamente há muito. Sim, imaginava que despertaria seu lado sentimental outra vez, mas, não tão rapidamente. Tanto que, no outro dia, os abraços eram mais fortes e os olhares denunciavam o que estaria sendo sentido. Era óbvio. Tudo bem que é possível haver amizade, porém, já haviam adiado tanto...e ainda assim, sentiam medo de que houvesse um estrago naquela amizade tão surreal. E a cada instante, os abraços se tornavam ainda mais e mais fortes e demorados, os olhares eram mais furtivos, eram passados os dedos pelos cabelos e rosto,... e, então, denúncia! Ela havia lido um dia antes num daqueles livros de romance , que falava sobre como agiria uma personagem apaixonada. É, o apaixonado agiu. Ela... bem, ela passou horas pensando em cada detalhe de seu dia. Aí, não teria como saber, senão pelo seu sorriso, que estava também apaixonada, já que se controlava e ele não sabia que era ele o pensamento dela.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Caio F. Abreu

     Dormindo ou acordado, eu recebia sua partida como um súbito soco no peito. Então olhava para cima, para os lados, à procura de Deus ou qualquer coisa assim - hamadríades, arcanjos, nuvens radioativas, demônios que fossem. Nunca os via. Nunca via nada além das paredes de repente tão vazias sem ele. Só quem já teve um dragão em casa pode saber como essa casa parece deserta depois que ele parte.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Junho pluvial.

     Após dias e mais dias, a chuva não cessava. Dias. E não cessou. Nunca gostei de chuva. Certo, gosto só quando estou embaixo de um cobertor, em minha cama, num fim de semana e com um pote de sorvete, como a Bridget Jones. Mas, infelizmente, não nasci com a incrível habilidade de gostar de ficar toda molhada enquanto espero um ônibus, molhar a calça ao sentar num banco molhado, ficar a cara da Samara de "O Chamado",  sentir sono durante uma aula, acabar com os planos de ir à praia, acabar com o churrasco, ou de ser deixada na mão por um guarda-chuva que quebrou. A única coisa que me agrada é o frio e aquela boa sensação de calma. Mas, como Murphy não vai muito comigo, a cidade parece estar em constante sol, mesmo com chuva, e parece um batidão de funk... ou seja, muito calor e transtorno.
     Porém, num dia, tudo estava diferente. Estava tudo tão diferente naquele dia, que mesmo se houvesse um toró, não sentiria a chuva. O dia estava ensolarado. Apesar do sol escondido, um grande sol se fazia ali. Eu me fazia sol. Você me fazia sol. A gente estava sol. E só sei que, aquele dia, foi diferente. Nem de guarda-chuva , fciar com a calça seca, ficar de cabelo bonito, ir à praia ou a um churrasco, nem precisava ter um guarda-chuva que prestasse. Eu tinha um sol na chuva.  Tinha tudo. Naquele dia, eu gostei da chuva. E nem sei bem por que...não sei.


"Deixa que esse verão eu faço só.
Deixa que nesse verão eu faço sol."

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Que porra é essa?!

     Estava em aula, numa segunda-feira, enquanto uma professora falava algo sobre o amor, sobre o romantismo, sobre cavalheirismo. E eu, puramente romântica, falei docemente: 
- Que porra de amor, homi. Amor não mais existe!  
     Minhas amigas, que são completamente apaixonadas pelos namorados, me repreenderam com um olhar de desprezo, bem direto e bastante frio.  Uma delas falou: 
- Essa é boa. Olha quem fala! Você é toda romântica, que chega a ser melosa.

     Certo, não usei bem as palavras. É, continuo sendo aquela mesma adepta ao romantismo à moda antiga, cheio de flores, amores, poesias, serenatas, olhar nos olhos, passeios na praia, mãos dadas, dança lenta com rosto colado, relacionamentos verdadeiros e duradouros, suspresas, abrir porta de carro, bilhetinhos, ombros ocupados pelos braços do amado, e tudo aquilo mais que os "moderninhos" julgam pieguice, caretice ou seja lá o que julgem - não me importa o que pensam. Elas se surpreenderam com minha afirmação pelo simples fato de não compreenderem sobre o que eu realmente falava, sem tentarem andar na minha linha de raciocínio "insensível". Gente, sou do tipo que se amolece com bebês, com olhares, sorrisos, palavras, pequenos gestos, detalhes, aromas, lembranças, fotos, cartas, tickets de cinema,... Choro com músicas, filmes e propagandas de biscoito - é verdade, não é só o de margarina que pode ser emocionante. Modestamente, insensível é uma característica que não convém a mim, pode ter certeza.
     O que eu quis dizer é que, infelizmente, a modernidade cria uma banalidade enorme em cima dos relacionamentos. Vivemos num momento em que o "eu te amo" é dito da mesma forma em que se pronuncia "oi", sendo automático; namoros vêm e vão a 120 km/h; ficar por ficar, o que inclui a pegação geral; infidelidade; deslealdade; relação descompromissada e vulgaridade. Um "eu te amo" falado da boca para fora não é romantismo.  Só  pedir em namoro no dia dos namorados não é romantismo. Só usar um anel de compromisso não é romantismo. Quer dizer, são românticos, mas quando há verdade nos atos.  Tudo depende  dos atores da peça para que o espetáculo seja aplaudido pela platéia. Desculpe-me pela sinceridade, mas, é a verdade. 
     Não é preciso um discurso, um anel, um pedido, um presente, ou algo assim, para que haja romantismo.  Precisa de duas pessoas, e "só". Cara, quando você ama, você se torna um pateta, um tolo, um panaca. Acredite: amar verdadeiramente a ponto de se tornar um imbecil - no melhor sentido das palavras, se é lá que há - é isso que é romântico. Então, menos hipocrisia e mais verdade. Mais amor. Ame. Seja idiota. Guarde o seu "eu te amo" para o seu amado-alguém. Guarde o seu "eu te amo".

domingo, 6 de junho de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

Arrepio.



     Calafrio. Calor, ou frio. Com o encaixe de um abraço, ou de um beijo. Ao ouvir uma voz, ou uma música.  Ao toque do vento, ou da chuva. Ao toque de um respirar no pescoço, ou um sussurro no ouvido. Ao ver algo, ou alguém. Por medo, ou ansiedade. Por tocar, ou ser tocado. Por paixão, ou amor. Por tantos e outros, ou tudo e todos. Por um olhar, ou um sorriso. Com o roçar da barba, ou com o roçar dos dentes. Por olhares, ou sorrisos. Por lágrimas, ou soluços. Ao sentir uma presença, ou uma ausência. Com um sorrir brilhante, ou um olhar marejado. Com um som, ou um silêncio. Com a calmaria, ou a dança. Numa praia, ou numa varanda.
     Seja lá o que for ou por que for, arrepie-se. Provoque a melhor das sensações. Se deixe provocar. Provoque. Arrepie.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Veneno.

     O pior de todos os venenos. Hipocrisia, ações medíocres. Pessoas de falso moralismo agem assim, como cobras, atirando seu veneno sobre o sangue de alguém de sangue vivo. Procuram vítimas sem força o bastante para defesa, e as estragam, as furam com suas presas, enrolando-as, enforcando-as. Aquela mania de criticar o modo de agir, de vestir, falar, pensar, andar, olhar, sorrir, brincar, sonhar, do que ouvir,... Engraçado é que, pessoas assim, não sabem olhar pro seu próprio nariz. Não sabem fingir que são alguma coisa. O pior, é que não são nada. Não são. Cobras, venenos, insetos. Dão nojo, tédio, raiva. E, realmente, não são nada. Nada.

domingo, 30 de maio de 2010

Borboletas no estômago.

    "O amor está no ar", dizem. Porém, seria mesmo amor, e não um mero encanto? Pois, é. Pois, é. Dia dos namorados chegando. E o que, antes, era uma coisa romântica de se ver, se tornou o famoso clichê. Nos tempos em que um "eu te amo" é falado vulgarmente, os inícios de namoro não estão longe disso.  
    Antes, começávamos um namoro, olhando nos olhos, ouvindo a voz, sorrindo sem graça. Hoje, começamos por msn, orkut, twitter, celular, ou  qual meio moderno que for, não nos permitindo sentir 'borboletas no estômago'. E o que era para ser romântico, passa a ser normal., tedioso: um pedido qualquer, feito no dia dos namorados, e só. Foi feito por tantos, que não é mais surpresa. O que era para ser surpresa, é previsível. Todo aquele ar de mistério, que já não havia tanto, acabou-se com a falta de romantismo verdadeiro. E aqueles que o fazem porque é um dia inesquecível? Não digo no sentido romântico da coisa, mas, para não esquecer do dia mesmo. Acredite, é verdade.
    Sabe o que é ser romântico? Pedir alguém em namoro quando estiver chorando; num dia de chuva;  quando ligar e só pedir, sem falar nada antes; coloca escrito num bilhete dentro de um papel de bala; enquanto dá um abraço; quando estiver falando algo que não tenha nem um mínimo vínculo com o assunto; quando roubar a flor de qualquer jardim;  mas, só quando estiver realmente apaixonado.      O problema, talvez, nem seja pela questão do dia no qual se pede, mas, da forma que acontece. É que nós deixamos perder o romantismo da simplicidade. Ninguém percebe que é romântico não tentar ser romântico e, até mesmo, fazer as coisas mais idiotas no momento indevido... porque amor é isto: ser idiota a todo e num momento qualquer.  E como Fernando Pessoa falou certa vez, quem ama e escreve cartas de amor é ridículo porque o amor é ridículo, e ainda mais ridículo é aquele que não ama. Ou seja, a mensagem era: seja ridículo, ame! Quando o amor aparecer, não deixe-o passar sem notá-lo ou insistir. Persista. Você vai saber que é amor, é simples: sempre haverá borboletas em seu estômago.
     

"O recado está dado: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza."

quarta-feira, 26 de maio de 2010

.

     É difícil me iludir porque não costumo esperar muito de ninguém. Odeio dois beijinhos, aperto de mão, tumulto, calor, gente burra e quem não sabe mentir direito. Não puxo saco de ninguém, detesto que puxem meu saco também. Não faço amizades por conveniência, não sei rir se não estou achando graça, não atendo o telefone se não estou com vontade de conversar.
(Caio F. Abreu)


Ps.: Tinha de colocar aqui o que o poeta escreveu. Às vezes, palavras alheias nos interpretam melhor  do que nossas próprias palavras o fariam. As palavras, então, não seriam tão alheias como deveriam.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Destino.

    Apesar da sorte ajudar muito, não é, apenas, uma questão de sorte. É mais, bem mais. É uma questão de escolha, de tentativas, de luta, de vontade, de crença. Não é algo que se espera, é algo que se busca. É você quem traça seu destino, ao seu modo. Quem sabe, o seu destino mude o destino de alguém...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Só depende de você.

    Chega num momento em que, por um sentimento ou coisa qualquer, algo não depende de uma só pesssoa para acontecer.  Esse algo pode fazer bem aos dois, quem sabe... E quando é necessário que falemos para que o outro note que a felicidade depende dele também? Tem-se que falar. Mas, e se for um segredo, tipo que você guarda com sete chaves - quiçá, por medo? E agora?! O medo o impedirá de fazer algo que tanto quer, então, o enfrente! É aí que depende também de você. Até porque, não há nada que comece por um segundo passo, então, trate de tomar o primeiro passo. Tome o primeiro passo, então! Se tomou o primeiro, espere pelo segundo ou arrisque-se até o terceiro: o primeiro e o segundo parecem apenas uma coincidência, enquanto o terceiro é um sinal evidente. E não há como não saber que é, não há.  Você deu as pistas para que saiba que não é só um mero acaso. Aponte o indicador para o seu caminho, para o seu norte. Certo. Nem tanto de mim que tudo depende, é mais de você. E é de você que tudo depende mais... Só depende de você.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Desisto.

    Do amor. Da dor. Do impulso. Da confusão. Do conlito. Da lágrima. Do medo. Da tentativa. Da insistência. Do nada. Do tudo.
    Desisto do que me não for viável, do que me for prejudicial. Livro-me dos barcos e jangadas. Sinto-me só, e só estou eu como só me sinto. Eu o faço, pois tenho um trato comigo. Disfarço, porém, não posso. Desato-me e noto, que os dias haviam virado noite e as madrugadas...já nem sei mais. Enfim, desisto de tudo que desistiria. Desisto de desistir. Porque não há mais como desistir.

terça-feira, 23 de março de 2010

Sussurros.

   Como num sopro, as palavras voaram, perderam-se no ar. Murmúrios, sussurros, ruídos, bulícios, burburinhos, ...  Enfim, o silêncio. O silêncio que silencia até as palavras mais longas, e que prolonga os minutos já prolongados. Num fim de tarde, as palavras voltam. Palavras proseadas, sussurradas pelos teus sussurros mansos. Sussurros que baixam o sol, baixam o mar, baixam minh'alma. Estribeiras que perdem-se. Portas abrem-se. Portas de um coração levemente magoado, que se dispôs a curar-se em teu colo. E em teu colo, ouço batidas aceleradas de teu coração, enquanto me falas de um possível amor. Em sussurros, me falas de amor. Brisas e ondas levam tuas palavras, mas, mesmo assim, ainda me sussurras o amor.

sábado, 13 de março de 2010

Sem querer.

    Mesmo que ela tentasse, o máximo que conseguia arrancar dele era um sorriso bobo.  Embora tentasse mais, nem seu abraço conseguia. E ela esperava mais... Esperava que, ao chorar, ele a colocaria em seus braços e diria que ele estava ali. Porém, ele a viu em iminência de chorar, parou como mostrasse preocupação, mas, nem mesmo a abraçou. E ela estava ali, parada, pasma. E tudo que a confortaria seria seu abraço, sua força, seus olhos, seu sorriso. E no outro dia, tudo o que ele fez foi estar ao seu lado e sorrir sem graça, enquanto ela sorria seu sorriso mais sem graça de todos os sem graça que já sorriu - o típico sorriso que faz a gente baixar a cabeça e não conseguir olhar nos olhos, quem sabe, por medo de se perder naqueles olhos. E ela sentiu-se bem, afinal, a mesma disse baixinho: "Ele sorriu pra mim".  E sem perceber, percebeu... ela deixou-se apaixonar.

domingo, 7 de março de 2010

Amor escondido.


    Em meu seio, carrego mazelas. Em teu seio, não sei se algo carregas. São muitas as saudades que me traz o tempo. Seio cheio, olhos cheios. Tão cheio seio, que está a ponto de transbordar minhas dores até por meus olhos. Por meu salgado pranto transborda o amor demasiado, a demasiada dor. Escondo-me. Fecho-me. Compreendo-me, mesmo que recanto. Sinto-me disperso, e me despeço de teu  mais belo canto. Não sabes, porém, não desejo que saibas. Minha mais profunda dor haverá de ser só minha, até  mesmo no instante em que quase não suporte carregá-la mais. E quando não mais suportar, irei ao teu encontro. Falarei de meu sofrimento, de meu amor escondido, enstristecido.  Falarei de minhas prosas, rimas, poemas, versos, crônicas, livros, papeis e letras. Mesmo que baixinho, falarei. Em sussurros, falarei de meu amor. Do mais verdadeiro e obsoleto amor. Aquele amor que sempre estará escondido em mim.

                                                         "Pássaro mudo, longe do ninho, sem forças para voar."

quinta-feira, 4 de março de 2010

Ser grande.

    Forte, grande, forte. Frágil, pequeno, frágil. Maturidade se confunde com força. Porém, ser "gente grande" é, muitas vezes, ser pequeno. Dói mais. Criança corre, cai, chora, levanta, corre e sorri, embora se machuque outra vez. Adulto cai, permanece ali até perceber que forte é aquela criança que está ao seu lado, que chora quando quer. E o choro pára. Em gente grande, o choro permanece, dói, machuca, não sara...e escapa. É aí que enxergamos: grande mesmo é o pequeno, que mesmo tão pequeno assim, sabe ser grande.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Praia, mar, céu azul e ele.


    Ela havia se permitido ir à praia. Ela se permitiu andar descalça na areia molhada e banhar os pés na água salgada, embora tomasse banho de bica depois. Ela havia se permitido estar "bem". Ela havia se permitido estar feliz, comendo sua ginga com tapioca, sem temores e tremores. Ela havia se permitido estar com seus ombros ocupados, acobertados pelas mãos dele. Seus ombros... e as mãos dele.

Novos rumos.

    Talvez, o ''estar só'' nos provoque. Mas, é o mesmo que nos conforta, e que nos faz mais fortes. Embora passemos por um campo onde as flores estão mortas e as folhagens estejam secas, e sendo habitado apenas por bichos, no meio do caminho vem a chuva. A chuva molha a terra, umedece as folhagens e dão de beber às flores e aos bichos, além de lhes banhar. A chuva passará. Ao fim desse caminho, haverá um novo caminho. E será nesse novo caminho que o sol se fará mais presente, as flores perfumarão o campo, a terra será coberta pelo tom verde-vivo das folhagens e os bichos estarão lá. Ah! E o céu será azul... azul anil. Não haverá mais um só, haverá um sol.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Sonho.


   Eu mesma achava impossível voar sem asas. Quem imaginaria que alguém poderia voar? Como voar sem asas? E tudo o que era necessário era...um tecido. Um tecido dividido em duas partes, e preso ao teto. Um tecido que nos levasse ao alto, como se alcançássemos o céu e que nos fizesse ver as coisas como os pássaros. Um tecido que nos entrelaçasse, não nos deixasse cair e nos realizasse um sonho: o de voar. E sem ter asas, eu sei: posso voar. Eu sei, aprendo a voar...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

À primeira vista.

   Entrou quase junto dele naquele lugar. Estava ao seu lado. Ela o acompanhava, como se fosse para o mesmo lugar... mas, não ia. Quase errava o caminho. Retornou, não o esquecendo. Passaram-se horas... Estava prestes à entrar. Já sentia frios, calafrios, calores, dores, tremores. E ele entrou. O local frio tornava-se quente. Ahh,... ele! A deixava inquieta. Às vezes, olhava sorrindo, como se falasse só com ela. Ele a olhava nos olhos, como se seus olhos pudessem puxá-lo. Talvez ela o tenha desnorteado com seu olhar.  Ele a seguia com seus olhos. Parou. Voltou para o que devia fazer. Se falaram. Era como se estivessem esperando qualquer pretexto para conversarem - e ele foi até ela, sorrindo. O coração dela estava acelerado. Seus olhos não conseguiam se fixar nos olhos dele. Os olhos dele? Também não. E ali, foi o primeiro toque. O toque de suas mãos a fazia delirar. Ele a olhou nos olhos, sorriu... E foi assim, sem conseguir passar 10 segundos sem olhá-la. Até os 10 segundos atingiram horas. Foram as horas mais rápidas de sua vida. Ele estava indo embora. Ela gritou seu nome. Ele  virou, sorriu e seu olhar parecia sorrir também. Foi embora. Aparece outra vez. Passa ao seu lado olhando-a,  como se quisesse falar mas lhe faltasse a coragem e quase bate no braço dela para chamar a atenção...mas, não bate. Se encolhe e segue. Ela sorri e fica tensa. Ele atravessa a rua e desaparece, mesmo com seu carro ali. Ela o procura, e o acha. Ela não podia vê-lo, mas ele estava a observá-la. Ele entra em seu carro. Sai. E antes de virar a esquina, coloca o braço direito no banco direito do carro e vira seu pescoço de forma que seus olhos possam alcançá-la.  Assim, ele pôde ir embora.  E desde lá, ela continua sorrindo, só que não é mais para ele, mas porque encontrou ele. Logo ela, que havia se desacreditado dos príncipes encantados...

domingo, 31 de janeiro de 2010

Noturno.

   Olhar sólido, duro, frio. Palavras amargas. E embora não haja silêncio - por mérito óbvio das palavras -, há dor. Sofrimento. Mágoas. E há...vazio. Vazio. Vazio. Perde-se o alguém. Perde-se o amor. Perde-se todo ele. E não há mais beleza. O sol não irradia mais a luz intensa que havia até em noites de chuva, como quando havia amor. Noite. Boas coisas vêm. Mas, o tempo leva tudo. O tempo parece ter pressa.Vem frustração, como se não houvesse eternidade. E o tal clichê do "Nada é eterno" cairia bem, não? Não é morte. Pensando bem, não sei... Mas, é morte. Porém, morte de sentimento - a mais dolorosa, que mata aos poucos e com muitos...muitos copos, muitos colos, mas, muitos silêncios. E morre o amor, trazendo a total desesperança. E não há motivo para crer no 'viver', já que só se crê em existir porque o coração ainda bombeia sangue. Solidão. E parece que o túnel chegou, realmente, ao seu fim. O amor desaparece em sua frente. Os olhos deixam cair um pranto do coração, feito sangue. Pranto. Pranto, que não deixa os olhos olharem, e os molha. Não há crença. Não há a mesma paixão boba, que nos deixa bobos. Tudo ilusão! Momentos, lembranças e mágoa. Solidão...  
           Ah, coração alado!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pétalas caídas.


   Ela chorava. Estava nos degraus acima. Eu estava nos degraus abaixo, segurando meu choro. Ela parecia desnorteada. Não havia nexo, convexo, pretexto ou conversa alguma que a fizesse sorrir. Estava muda. Sem hesitar, subi os degraus. Ela me olhava com dor, medo, angústia, desesperança,... Abracei-a. Ela abraçou-me forte e, como se eu fosse um refúgio, suas lágrimas correram, seu soluço soluçou-se mais forte e o rosto enrubou-se. Meu coração apertou. Não sabia o que fazer, nem como fazer, nem o que dizer. Mas, percebi que as ações valiam mais e tudo que era preciso, naquele instante, era meu abraço. Senti-me forte, mas frágil. Sabia que meu abraço era o que necessitava e, realmente, era isso que necessitava. Nenhum conselho, palavra amiga ou piadas bobas, na tentativa de fazê-la sorrir. Bastava um abraço. Um abraço meu. Segurou minha mão. Naquela vez, eu sentia a mais pura verdade em seu olhar. Falou-me da dor. Falou-me da dor de perder seu amor por 'um erro'. As palavras me serviram como arma, atirando em meu coração, mais precisamente. E tudo que eu queria dizer, era tudo o que ela queria escutar:
- Eu estou aqui.
- Hunrum... Te amo, minha amiga. Te amo.
- Eu também...
   Silêncio... Barulho! Passos rápidos. Molho de chaves. Porta abriu-se. Passos lentos. O Motor ligou. O portão abriu-se. O carro saiu. Fiquei em vazio. Carros. Motos. Pessoas. Nada. E o vazio prolongou-se por horas, pois tudo que tinha eram lágrimas. E as lágrimas saíram de meus olhos feito pétalas em outono, levando o que ainda restava de mim. Entrei em casa. O som estava ligado. Desliguei-o. Silêncio. Chaves. Porta fechada. Silêncio!  E quem precisava de um abraço, agora, era eu mesma. E chegou meu outono, novamente...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ana e o mar

Baseada em "Ana e o mar": canção de Fernando Anitelli, líder da trupe e idealizador do projeto d'O Teatro Mágico)



Descalça na areia. Buscava, até no céu, as mais perfeitas conchas.
Sangue corria forte na veia. Estavam a dançar, no mar, as ondas.
Andava em direção ao mar. Como já não bastasse seu balançar,
Andava nas estrelas. Ela andava no luar. Ah, mar...


O céu, um manto. O véu, recanto.
Era sereia. Sereia até na areia.
Cantava o canto. Um tanto triste, entretanto.
Sem o mar, só meia. Farol, praia, lua cheia.


Pele. Sentia a brisa. Brisa alisa a lisa pele. Brisa a pele lisa alisa.
Ali se fazia um marco. Era areia. Era mar. Era brisa. Era barco.
Estava apaixonada, pobre Ana, pelo mar. Sequer sabia como amar.
Amava as estrelas. Ela amava o luar. Ah, mar...


Ele descobriu, assustou-se e sorriu.
Apaixonou-se por Ana. Não pela lagoa, como previu.
Sem vê-la há uma semana: Oh, mar de dor!
"Ana e o mar", mar e Ana. Soneto de amor.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Nostalgia.


   Quando se é criança? Ah! Os adultos são chatos, mas são quem mais admiramos. Vem a adolescência, sem vermos o tempo passar. Apressada. E... ela passou. Enfim, é a hora da tão sonhada fase adulta. E nós ficamos... chatos nostálgicos. Sentimos falta do tempo em que podíamos correr, pular, gritar, chorar, gargalhar e fazer coisas 'bobas' sem motivo. Abstinência de espontaneidade. Falta aquela ida ao shopping com os pais; se lambuzar toda de sorvete e, mesmo assim, ser a 'coisinha linda da mamãe' e a 'princesinha do papai'; vestir as roupas, calçar os sapatos e usar a maquiagem de 'mainha' e fazê-la sorrir, enquanto você os usa por querer ser igualzinha à ela; sentar na barriga do papai; ser pega na escola pelos pais, que perguntam como foi seu dia; ser acordada pela mãe, que abre a janela e tira seu cobertor; ser abusada pelos irmãos; se machucar todo dia no parquinho da escola, chorar e brincar de novo; fazer parte do grupinho da Luizinha; dividir o saco de pipoca com o namoradinho de colégio; ser levada no colo para a cama; chegar cedo na escola só pra colocar sua lancheira na frente da fila; fazer barraco/casinha com cobertor e colchão; desenhar deitada no chão; tentar fazer uma piscina no box do banheiro e nadar nela; sentar no colo do Papai Noel e mandar cartas pra ele; brincar de polícia e ladrão, pega-pega, tica-trepa ou passa o anel; atravessar a rua de mãos dadas com o papai; ter sonhos e saber que podia alcançá-los; ter um álbum para cada coisa que você fizesse; se deliciar com as receitas da vovó; ficar ansiosa com mais de semanas antes do primeiro dia de aula... É saudade, meu amor. Nostalgia. E nós só percebemos o quão nostálgicos somos no momento em que seu avô fala de você quando criança e começa a chorar, sorrindo, como se você nunca tivesse crescido; seus pais choram dias antes de você completar mais um ano, olhando suas fotos antigas e dizendo: "É, como o tempo passa rápido. Um dia desses, você estava nascendo..."; você vai saindo de casa para sua primeira festa e seus pais a olham com os olhos cheios de lágrima e você consegue ler o que seus olhos molhados dizem: "Ela cresceu."

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Borogodó.

Borogodó: É algo intraduzível. Pode ser chamado também de charme, approach ou ziringuidum. É aquilo que nos cativa, mesmo não sendo belo ao ponto de vista de alguns.


   As pessoas, normalmente, são fúteis. Sim, fúteis. Se preocupam mais com um padrão de beleza mantido pela sociedade e com as condições financeiras que a pessoa apresenta. Não falo que devemos namorar alguém que esteja sempre desarrumado ou que não tenha boas condições, nem que não podemos nos interessar por pessoas que possuam uma 'capa' mais bonita. Certo, é normal. Eu sei que é normal. Até porque, se nos cuidamos, - ou não - queremos alguém bem visto ao nosso lado. O problema é que, apesar de alguns ainda não saberem bem por que, há algo que chama mais atenção que um simples 'rostinho bonito'. O borogodó pode estar naquele sorriso que ilumina qualquer lugar, no olhar misterioso, na maneira de andar, num sotaque bonito e/ou, até mesmo, na famosa pesonalidade - seja no humor, na simpatia ou no tipo de inteligência atribuída. Seja lá o que for, borogodó não é só parecer... é realmente ter. E há quem diga - eu, por exemplo - que 'tanquinho' não é tão atraente quanto uma 'barriguinha de chopp', que músculo não é nada quando há cérebro e que playboys não são se comparam aos nerds. Borogodó, meu bem... Simplesmente, borogodó.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Na varanda.


   Ela estava em seu quarto. Pensava, e mais nada. Estava quieta, estava só. O silêncio interrompeu-se com o canto da brisa, que a chamava. A brisa a puxava para fora. Ela a obedeceu e pôs-se em direção à sua varanda. Ah, boa varanda... Ar puro, silêncio melódico e calmaria. Descalça, sentia o gelado do piso em seus pés. O corpo tremia. Havia uma rede estendida. Era branca. Deitou-se. Não havia contraste algum entre o branco da rede e o tom de sua pele. O vento a balançava tanto, que ela podia crer que havia alguém ali a niná-la. Ela via um céu todo estrelado como um teto. Luz da lua iluminava a noite. Uivar de cachorros e barulho de talheres a se baterem nos pratos, era tudo que se ouvia. De repente, música. "Vento, ventania nos olhos tão distantes (...)". O vento beijava seu rosto. Frio. As palmeiras dançavam. Folhas voavam. Flores dançavam. Maripousas pousavam. Era surreal. A vista que se tinha ali era realmente incrível. A música parou. Novamente, silêncio. Levantou-se. Entrou em seu quarto, pegou seu violão e voltou. Era como Euterpe. Era Euterpe com violão, não com flauta. O violão parecia mais doce a cada dedilhar. Não havia nada. Mas, havia tudo. Era como se houvesse o mundo inteiro num lugar pequeno da casa. Por isso, era o melhor lugar. O melhor lugar do mundo. Era onde estava sempre. Na varanda ela era feliz. Na varanda...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pingüim.

(Quando dois pinguins se encontram, ficam juntos para sempre! ...Be my penguin?)


domingo, 17 de janeiro de 2010

Velhice precoce.

   "Como ela é madura pra sua idade!", era o que todos comentavam sobre a garota. Ela? Gostava sim, mas cansava de ouvir o mesmo, gostando ainda mais de poder ter seus momentos de menina, simplesmente. Gostava de se molhar na chuva e de correr; brincava de boneca; sorria de jeito sapeca; vivia sorrindo, fazendo os outros sorrirem;... Mas, era madura demais, na maioria das vezes. Nunca perdeu o jeitinho de menina, mas costumava agir feito mulher. Devido aos problemas que apareceram aos seus 10 anos de idade, ela amadureceu cedo. Ela cuidava dos amigos, da família, dos cachorros,... só não conseguia cuidar de si. Dava seu ombro, seu consolo, suas palavras e seus abraços para os que a rodeavam. E ela, como ficava? "Ela não precisava de nada disso, ela era madura!", era o que todos pensavam.
   Num dia, começou a chover. Sempre que chovia, ela ficava em casa na companhia de um chocolate quente, boa música e um bom livro, no conforto de sua caminha quente. Só que aquele dia era diferente. Colocou seu vestidinho com um tênis, fez rabo-de-cavalo no cabelo, e saiu. Não saiu com um guarda-chuva, saiu correndo na chuva. Era um sonho real. Era meninice. Estava fugindo da mesmice de ser um adulto chato. Parecia um tipo de Peter Pan, e agia como se fosse voar a qualquer instante. Tentou voar. Caiu. Machucou-se. Chorou. Chorava feito criança. Mas, o chorar de dor se confundia com o chorar de muito sorrir. E levantou. Brincou no parque. Passou o tempo. E nem percebeu... já raiava imperador, o sol. Voltou pra casa. Abriu a porta devagar e escondida - como se temesse que a vissem. Toda molhada e machucada, subiu devagar os degraus. Entrou em seu quarto. Fechou a porta. Arrumou-se para não pegar um resfriado. Já dormia o sol. A lua e as estrelas tomavam conta do céu. Sentou-se em sua cama, onde podia ver o que acontecia lá fora. Ela sabia que ela tornava mais madura a partir daquele dia, pois havia aceitado que era só uma criança.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Insanidade.


   Sem pseudo-moralidade. Apenas, escândalo. Carro corre rápido, com um dos vidros abertos e uma menina 'louca'. Ela fala com as pessoas que estão na rua. São alguns 'loucos' da rua que a sorriem. Sorriem por saberem que não há insanidade, há liberdade. Outras pessoas, a chamam de bitolada e sorriem mesmo assim, percebendo que insanas são elas, que jugam-se tão 'sãs'. Ela surpreende os que estão no mesmo veículo que ela e não possuem a mesma 'coragem' que ela. Uma 'falta de coragem' que deprime, pois os impede de serem realmente livres. "Tenta. Isso liberta!", é o que ela diz, "Liberta-se!" E foi assim, que seu grito contaminou os que por ali passavam.

A maior verdade é que ela e os demais que foram chamados de loucos, não são os únicos insanos. Cada um tem um louco consigo. Cada um tem o poder de ser livre.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Vírgulas, pontos...


"Saudade é solidão acompanhada. É quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já..."
   Pablo Neruda acertou. Ele havia ido embora. E a saudade? Não foi. Ela ficou, machucando. Era melancólico. E qualquer um que a visse num parque, olhando o céu, sabia que ela estava triste. Que ele a havia deixado. E que a saudade era apenas uma lembrança, sem mais futuros certos.

Las cenizas.


   Despertou. Já não estava no antigo quarto. Olhou para o lado esquerdo da cama. Ele já não estava mais lá. Ela não tinha mais aquela vontade de voltar à sua rotina normal, pois ele não estava mais nela. E acordar, era só... acordar. O sol e o edredon não bastavam. Não havia mais seu calor. Não havia mais nada. Só restavam ali as cinzas de um amor morto. Não havia 'morrido' realmente, ele insistia em viver. Apenas, as lágrimas o afogavam. Ela até que tentava, mas a borracha só apagava a tinta do que estava escrito, não apagava as marcas de quem escreveu. E quanto mais tentasse apagar, o papel rasgava. Estava só. O aroma de seu shampoo ainda estava no travesseiro; seu pefume estava nos lençóis; seu calor havia se perdido no corpo dela; ela ainda podia sentir seu hálito de menta e seus dedos a dedilhá-la, seu cafuné. Mas, ele não estava mais lá. Ele não estava.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Game over.


   "E o que tiver de acontecer, que dessa vez, seja pra sempre." - E foi mesmo um "pra sempre", só que foi um 'fim pra sempre' . Dessa vez, não teria volta. Definitivamente, havia acabado. Os dois saíram magoados, mas era a única forma que havia de não dar continuídade a mais e mais mazelas. Enfim, era um término real. Um término que estava predestinado a ocorrer, apenas estava sendo adiado. E adiaram, até o momento onde era inevitável fazê-lo. Estava tudo acabando, aos poucos. Mas, era isso, não havia mais nada para se fazer, e ponto final... Ponto final. Ela ficou em casa, chorando. Ele saiu, chorando. E acabou.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Eterno abraço.


   Magoados, eles pediram um tempo. Decidiram esquecer um do outro. Decidiram-se entre aspas, já que não compreendiam o poder que aquelas palavras de adeus tinham. "Palavras têm poder", porém, não era compreendido o dizer das próprias. E "tempo" era tudo que lhes cabia possuir no determinado instante que o pediram. Não esqueciam nem buscavam esquecer. Havia tensão. E a tensão, era por um medo inconstante de perda. Uma perda que, talvez, não fosse restaurada a tempo.
   Moravam na mesma rua. Mesmos amigos. Mesmos lugares. Mesmos sentimentos. E por assim ser, encontravam-se por centenas de vezes, sem ser de propósito. E quando tentavam, não se viam. Era natural. Era o destino que se encarregava dos dois. Se bem, que estavam em momentos iguais: haviam passado pelo mesmo término e moravam praticamente na mesma vila.
   Foi num domingo em que a rua estava triste, deserta e molhada de uma chuva forte e permanente, que... Ela saiu. Ele saiu. Seus olhares se atravessaram. Os sorrisos não negavam a felicidade plena que se exaltava. Havia um único guarda-chuva, o dele. Ela estava com uma bolsa na cabeça, já que o seu havia quebrado minutos antes de sair. Se aproximaram. A chuva não parou. Ele elevou seu guarda-chuva de uma forma que ela ficass protegida da chuva por alguns segundos. Ele a sorriu, colocou seu beijo no beijo dela. No momento em que ela pensava que estaria protegida, ele jogou seu guarda-chuva, pegou a mão dela e correu. Eles corriam feito crianças, fugindo da chuva e sorrindo sapeca. Chegaram a um campo ali perto, o mesmo campo onde a havia pedido em namoro. Tirou uma flor da mesma forma quando a havia pedido em namoro, e a entregou. "Eu sei que posso fazê-la feliz.", ele sussurrou enquanto a abraçava. E antes de qualquer coisa, ele pediu: "Me abraça para sempre?". Ela sorriu: "Eu aceito."

Romantismo.


   Não há como explicar explicar exatamente aquela sensação. Era a primeira quarta-feira de Janeiro daquele ano. Era verão. Estava num lugar lotado. Música alta. Dança. Vazio. Um vazio por não achar alguém que devia estar ali - com ela - naquele momento . Lhe era estranho o sentimento abordado: tumulto, solidão, anestesia e ansiedade. Olhava para os cantos, lados, versos, planos, ... e nada - quer dizer, "ninguém". Porém, ela o sentia ali com seu coração, mesmo que seus olhos não o captassem. Embora estivessem amigos com ela, não havia um alguém que a faria sentir como se houvesse um "nós", que a fizesse sorrir com as mesmas palavras bobas que, um dia, foram faladas por ele. Ela partiu daquele maldito lugar, enfim. Chegou em casa. Jogou-se em sua cama. Não dormiu. Se pôs a pensar...nele. O sono a pegou desprevinida enquanto lia Guimarães Rosa e escutava o Baleiro a cantar: "Quando eu nasci, veio um anjo safado, um chato dum Querubim, que decretou que eu tava predestinado a ser errado assim. Já de saída, minha estrada entortou, mas vou até o fim(...)". Adormeceu a menina, enquanto o cd arranhado insistia em tocar por várias vezes um único trecho: "Mas, vou até o fim. Mas, vou até o fim. Mas, vou até o fim..."
   O dia havia raiado e ela estava ali, de pé. O sol a acordara. O vento frio a havia tirado da cama depressa. Era um novo dia. Era uma nova vida. O sol lhe sorria e a brisa lhe trazia paz. Eram bons ventos que sopravam naquela manhã. Ela sentia que seria um dia bom, um dia em que ela estaria bem. Não estava absurdamente feliz ou triste, apenas, bem. Se bem, que estaria mais que bem... Ele estava tomando conta até de seus sonhos.
   Passaram-se dois meses. Esbarrou em alguém, enquanto subia as escadas do colégio. Era ele. Ele a sorriu, ela o sorriu. Abraçaram-se ali, no meio daquele tumulto que outros faziam ao subirem aqueles degraus, e nem se importavam com o que pensavam. Foi estonteante, mágico, único. Um momento inusitado que nunca imaginariam, mas sempre desejaram - apesar de que os gritos dos que ali estavam, fosse trocado por uma música de fundo e o lugar desse encontro fosse um parque, ou um lugar florido ao céu aberto. Quase que não se largavam mais, pois já sabiam que era o momento mais especial da vida dos dois e que não seria admitida uma repetição. Era espontâneo. Era doce. Era literário. O abraço durou quase dois minutos, todavia, não foi tão longo... pois, a saudade havia sido cruelmente demorada, os afastando por seis meses.
  "Promete para mim que... " - ele falou e foi interrompido pelo tocar de um violão erudito, que indicava o início da aula. Não satisfeito, tentou novamente: "Promete que não vai sumir outra vez e que se for para sumir, irá avisar. Promete?" - ela respondeu: "Prometo. Só não entendi uma coisa... Por que tenho que avisar?" - Ele sorriu e a abraçou. Em sussurro ao pé do ouvido: "Porque se for para sumir, que você suma comigo." - Nada mais havia para ser dito. Calaram-se, então. E o silêncio só foi interrompido ao estalo de um beijo. Um beijo que significava algo que palavras não poderiam traduzir ao passarem dos lábios: "Eu te amo".

domingo, 3 de janeiro de 2010

Ponto final.

"(...)É o ponto em que recomeço recanto e disperso da magia que balança o mundo. Bailarina e Soldado-de-chumbo... Nossa casinha vazia parece pequena sem o teu ballet. Sem teu café requentado, soldado-de-chumbo não fica de pé."
   Ela já havia chorado bastante. Chorava de dor. Embora passados os dias, persistia a chorar. Até que houve um momento em que descobriu não haver algum mínimo motivo para sentir dor. Talvez, sim... já que sentia-se enganada, traída. Mas, e daí? Suas lágrimas não fariam o tempo voltar nem os arrependimentos acabarem. Decepções sempre haviam, porém, ela possuía o poder de decisão sobre sofrer ou não. Ela decidiu sorrir, por si só. E a única dor que ela sentiria seria nas mãos e nos pés... não mais no coração.
   Dias após sua decisão, quem sofria era ele, que estava submerso em um abismo da solidão, mesmo estando com um outro alguém, pois não conseguia ser feliz sem ela. Ela era seu sorriso. Ela era o seu sorrir. Ela era quem o fazia feliz. E ele não poderia modificar mais nada, pois mudou tudo ao ferir seu coração e perdê-la numa viela. Foi ele quem desmereceu todo aquele absoluto amor. Então, foi assim que ela mudou. Pela primeira vez em sua vida, ela era independente para sorrir. Ela aprendeu a ser verdadeiramente feliz. E só restam lágrimas, solidão e uma sapatilha furada... a mesma sapatilha que ela usou quando deu o seu adeus - mais uma vez, ele desacreditou. Ela soube que era aquele o momento exato de partir. E sem nem sequer olhar para trás, partiu.

Amor e utopia.

"Só sei que quando eu toquei a sua boca, algo aconteceu... eu senti como é tão gostoso te beijar. Agora, eu não tenho mais sossêgo, perdi a minha paz... Eu só te quero muito mais!"

   Em todos os momentos de nossas vidas, há uma música que nos marca, que pode traduzir uma história, um momento, um sentimento, um alguém. Seja pela letra, pela melodia, ou pelo conjunto que elas formam, a música é tida como essencial. Semanas passadas, estamos com alguma música na cabeça; nesse momento, temos outras; e assim, se sucede. Cantamos 'brega' quando estamos apaixonados, e há as 'elevadoras de auto-estima' e/ou 'roedeiras' quando sofremos desilusões. Não deixamos a música parar de tocar. Não paramos de dançar. Não paramos de viver. Não há um 'por quê?' ou um 'porquê'. Só sei que meu Revellion foi feito a partir de um axé de 2007 - para alguns, seria decadência, mas não enxergo assim. A música me deixa a pensar nele, quer dizer, no meu ideal do que ele seja, apesar de saber que não é exatamente como eu o imagino. Não o conheço. Troquei algumas palavras bobas com ele, e ponto. Mas, e esse ponto? Quem sabe, sejam somados mais dois desses pontos, havendo reticências.
   Sim, na verdade, não. A música não tem nada com o que realmente aconteceu, mas, bem que poderia ter alguma semelhança com o que poderia suceder nesse novo ano. A única música que possa significar algo do que realmente ocorreu seria "Amor Platônico". Oh, por que será?! /ironia. Idealizei o momento em que o conheceria - confesso. Talvez, isso seja uma mania de me 'apaixonar' para me 'desapaixonar'. Comum, embora, estranho. É uma auto-defesa, se bem, que viver de utopias não é o que podemos chamar de 'viver'. Todavia, alguns 'vivem' assim, e é assim que 'vivo', O real dói, é sofrido, é injusto. A única injustiça que há numa utopia é por ser utopia, é por não ser algo real...apesar que, se fosse real, não seria tudo tão maravilhoso quanto nos sonhos. Mas, enfim, é só sonhar e crer... quem sabe, um dia, o destino não nos faz ter realidade em nossos sonhos? Somos o que sonhamos... Eu sonho alto, e você?!
Até onde vai o seu sonho?