Nos deparamos, muitas vezes, com aquela sensação de nostalgia. Nostalgia de fases, momentos, instantes, pessoas, aromas, sabores, toques, olhares, sentimentos, climas, chuvas, sóis. Boa é a saudade que nos deixa com um sorriso torto de quem muito é feliz ao relembrar. Porém, torna-se má quando está carregada de arrependimento. Arrependimento por não ter dito, pensado, feito, mostrado ou por ter feito algo que não deveria tê-lo nem sequer pensado... e feito, então?!
Nós devíamos fazer de tudo para que não houvesse chance alguma para que o arrependimento apareça, mas, ao que me parece, é algo quase que inevitável. Por quantas vezes nos questionamos com o famoso clichê "nós só damos valor a algo quando o perdemos"? E o que nós fazemos para combatermos nossos atos errôneos? É, isso é retórico, mesmo que já seja mais do que uma resposta subentendida... é óbvio, é evidente, é explícito. Brigamos quando deveríamos abraçar; batemos quando devíamos acariciar; discutimos quando devíamos conversar cordialmente; xingamos quando devíamos elogiar; puxamos os cabelos quando devíamos alisá-los; choramos quando devíamos gargalhar.
É assim que se sucede: nós desvalorizamos completamente daquilo que usurfruímos, porém, geralmente, valorizamos apenas o que nos é alheio. E quando perdemos? Ah, agora sim... nos arrependemos completamente. Nos arrependemos porque sabemos que aquilo nunca mais voltará a ser nosso - se é que realmente foi, um dia. Aprendemos a valorizar depois, já que nunca esperamos que nada nos tire aquilo das mãos e o deixe apenas em memória. Não esperamos que nos atinja como um tumor no coração. Porque nunca iremos esperar que o alguém mais importante de nossas vidas se vá, sem poder ter a chance de lutar contra sua ida, sem lutar contra esse tumor. Então, percebemos: estamos chorando todo o leite derramado... e já foram derramas algumas muitas caixas.