terça-feira, 23 de março de 2010

Sussurros.

   Como num sopro, as palavras voaram, perderam-se no ar. Murmúrios, sussurros, ruídos, bulícios, burburinhos, ...  Enfim, o silêncio. O silêncio que silencia até as palavras mais longas, e que prolonga os minutos já prolongados. Num fim de tarde, as palavras voltam. Palavras proseadas, sussurradas pelos teus sussurros mansos. Sussurros que baixam o sol, baixam o mar, baixam minh'alma. Estribeiras que perdem-se. Portas abrem-se. Portas de um coração levemente magoado, que se dispôs a curar-se em teu colo. E em teu colo, ouço batidas aceleradas de teu coração, enquanto me falas de um possível amor. Em sussurros, me falas de amor. Brisas e ondas levam tuas palavras, mas, mesmo assim, ainda me sussurras o amor.

sábado, 13 de março de 2010

Sem querer.

    Mesmo que ela tentasse, o máximo que conseguia arrancar dele era um sorriso bobo.  Embora tentasse mais, nem seu abraço conseguia. E ela esperava mais... Esperava que, ao chorar, ele a colocaria em seus braços e diria que ele estava ali. Porém, ele a viu em iminência de chorar, parou como mostrasse preocupação, mas, nem mesmo a abraçou. E ela estava ali, parada, pasma. E tudo que a confortaria seria seu abraço, sua força, seus olhos, seu sorriso. E no outro dia, tudo o que ele fez foi estar ao seu lado e sorrir sem graça, enquanto ela sorria seu sorriso mais sem graça de todos os sem graça que já sorriu - o típico sorriso que faz a gente baixar a cabeça e não conseguir olhar nos olhos, quem sabe, por medo de se perder naqueles olhos. E ela sentiu-se bem, afinal, a mesma disse baixinho: "Ele sorriu pra mim".  E sem perceber, percebeu... ela deixou-se apaixonar.

domingo, 7 de março de 2010

Amor escondido.


    Em meu seio, carrego mazelas. Em teu seio, não sei se algo carregas. São muitas as saudades que me traz o tempo. Seio cheio, olhos cheios. Tão cheio seio, que está a ponto de transbordar minhas dores até por meus olhos. Por meu salgado pranto transborda o amor demasiado, a demasiada dor. Escondo-me. Fecho-me. Compreendo-me, mesmo que recanto. Sinto-me disperso, e me despeço de teu  mais belo canto. Não sabes, porém, não desejo que saibas. Minha mais profunda dor haverá de ser só minha, até  mesmo no instante em que quase não suporte carregá-la mais. E quando não mais suportar, irei ao teu encontro. Falarei de meu sofrimento, de meu amor escondido, enstristecido.  Falarei de minhas prosas, rimas, poemas, versos, crônicas, livros, papeis e letras. Mesmo que baixinho, falarei. Em sussurros, falarei de meu amor. Do mais verdadeiro e obsoleto amor. Aquele amor que sempre estará escondido em mim.

                                                         "Pássaro mudo, longe do ninho, sem forças para voar."

quinta-feira, 4 de março de 2010

Ser grande.

    Forte, grande, forte. Frágil, pequeno, frágil. Maturidade se confunde com força. Porém, ser "gente grande" é, muitas vezes, ser pequeno. Dói mais. Criança corre, cai, chora, levanta, corre e sorri, embora se machuque outra vez. Adulto cai, permanece ali até perceber que forte é aquela criança que está ao seu lado, que chora quando quer. E o choro pára. Em gente grande, o choro permanece, dói, machuca, não sara...e escapa. É aí que enxergamos: grande mesmo é o pequeno, que mesmo tão pequeno assim, sabe ser grande.