sábado, 22 de janeiro de 2011

Nublado.

     Era assim que estava o dia. Nublado. E nublado também estava seu coração. Seu dia e seu coração estavam em uma harmonia perfeita de desarmonia. Chuva. Finalmente, a chuva. Não meramente a chuva lá fora da casa, descarregada pelas nuvens, mas, também, a chuva de dentro, descarregada pelos olhos. Era chuva, era trovoada, era noite, estava frio, estava triste. Havia perdido tanta coisa com tão pouco tempo, que mais litros de água pareciam tocar o chão e fazer com que se perdesse, além de tudo o que já perdera anteriormente. E o peito? Ah, o peito... estava carregado de dor, de chuva, de trovoada, de raio. Peito nublado, coração chuvoso. Era tal como um vampiro, atacado por um caçador que pusera uma estaca em seu peito, o fazendo perder um vida já perdida há tempos. Ela estava tão cansada...tão, tão, tão, tão cansada, que o cansaço servia como uma cura ou como um alimento e, talvez, até como um antídoto ou algo mágico. O que sei é que, naquela noite, ela teve um sonho que mudaria sua vida para sempre. Ela sonhou que o que jurava ter perdido nunca se perdeu, só não estava tão presente visualmente. O que julgava ter perdido, estava ainda mais próximo dela, como um amuleto, ou melhor, como um anjo.  Amanheceu o dia, mesmo com toda aquela chuva. E a chuva a ajudou a adormecer outra vez. E ali estava um anjo. Ali estava o seu anjo.

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