quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Perda.

     Desta vez, não é literatura romântica, simplesmente. O que venho a escrever é mais, bem mais do que textos e palavras bonitas que revelam um amor platônico ou um amor concreto entre um homem e uma mulher ou, até mesmo, as minas famosas críticas sobre o cotidiano e sobre o mundo paralelo da fantasia e do real de cada um. Certo, é sobre amor. Mas, esse é um amor diferente. Amor amigo, amor leal, amor verdadeiro, amor concreto, ...
     Aos meus 7 anos de idade, no ano de 1999, mais precisamente, ele me veio como presente. Ele havia chegado num momento de crise, num momento necessário. As coisas não andavam bem, quem mais amava estava doente por questão da campanha política enfrentada e vieram as malditas provas de fim de ano, que não podiam ser feitas com tanta dedicação, já que estava dedicada aos problemas do momento. Mas, quando ele chegou, abrilhantou tudo. Eu e meus dois irmãos nos aproximamos dele, nos juntamos e esquecemos as mesmas mazelas que nos atormentariam durante 12 anos seguidos, sem nenhum dia de descanso.
     Passavam-se os dias e quando eu abaixava a minha cabeça por algum motivo, lá estava ele, me dando força de alguma forma, seja com as brincadeiras ou com a incrível mania de passar para mim o seu entendimento apenas pelo olhar. Sim, ele me compreendia. E com essa compreensão, foram-se passando os anos e ele foi envelhecendo, assim como eu. Eu tinha um melhor amigo, havia adotado como irmão e como meu apoio silencioso, em más épocas. Com a correria, a gente passava pouco tempo junto, mas, parecia ser o bastante para que ele nutrisse o amor que tinha por mim, assim como nutria por ele. Eu o chamava, ele vinha correndo pra perto de mim, sentava e ficávamos nos olhando por tempos. Era sempre assim, e ele nunca parecia achar ruim, muito pelo contrário, ele parecia ficar feliz só em poder estar perto, e isso me fazia um grande bem. Foi assim sempre, até que...
     Era 11 de janeiro de 2011. Não faz muito tempo, mas, parece. Ele já vinha andando fraco, sem apetite e sem algum ânimo. No outro dia, logo pela manhã, colocamos por perto a nossa Sofia, que ele tanto amava. Ele só reagia com um olhar, uma respiração ofegante e um gemido fortemente doloroso, que era o cartão postal de seu sofrimento. Era como se a Sofia soubesse... ela chorava e chorava e chorava e tentava correr pra ele, mas, eu a segurava por medo de que, por seu êxtase em vê-lo, o machucasse. Porém, pensando agora, acho que eu o estava machucando por não deixá-la por perto como queria. A levei para fora do quarto, fiquei o olhando e ele parecia querer me dizer algo, como "traga-a de volta, eu preciso olhá-la, preciso dizer que a amo". Nesse intervalo, o médico chegou. Da mesma forma em que o encontramos e que o vimos pela primeira vez, lá estávamos nós, os três irmãos do lado dele, torcendo e chorando por ele. De repente, após alguns minutos e tentativas, uma voz pergunta: "ele está respirando?"... Silêncio. Logo, soluço. Choro. Perda. Ele se foi. Ele, realmente, se foi.
     Agora, não há jeito nenhum de trazê-lo de volta ou de recompensar as malditas horas em que não o via, em que não estava ali persente do seu lado, nem que  fosse para estar com o nosso silêncio, como das outras vezes. Vejo que as horas que nos olhávamos não foram o suficiente para que eu pudesse passar pra você o quanto te amo ou o quanto sempre tive meu melhor amigo em você. Meu amor, meu amado, meu amigo. e assim como eu disse, esse é um amor diferente. Amor amigo, amor leal, amor verdadeiro, amor concreto, ...amor canino. Você fará uma enorme falta aqui, Dunga, meu Dunguinho.

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