terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Diálogos.

   O telefone tocou de 22h30m. Chamaram por meu nome. Corri e atendi. Era uma voz amiga, trêmula, magoada, chorosa; eu não sabia o que fazer senão escutar - já que a minha maior fraqueza é quando algo atinge os que mais amo. Ela explicou: desilusões. Não, não eram aquelas desilusões amorosas cheias de blá blá blá super fúteis que costumamos ter, era algo mais humano, mais puro, mais ingênuo. Me contive para não chorar, pois sua voz rouca, seguida de soluços entre os intervalos do longo e doloroso silêncio, me entristecia. Ela havia se desiludido com as supostas amizades que achava ter, e isso me machucava; não conseguia crer como haviam a magoado tanto assim, como poderiam não dar importância a uma amizade que eu sempre tive como perfeita, única e necessária - segundo o poeta Vinícius de Moraes, "os amigos devem ser amigos sempre", sabiamente falando. Inacreditável, incompreensível,... Não podia deixá-la daquela forma triste, afinal, ela significava muito pra mim, era minha amiga.
Começamos a falar... e sem percebermos, passaram-se horas. Tínhamos falado de um suposto futuro, de mesmos sonhos e realizações. Estávamos falando tanto que ríamos, chorávamos, imaginávamos e acreditávamos naquilo tudo que havíamos sonhado. Foi...foi...indescritível! Sim, era impossível descrever o quanto aquelas horas "jogadas fora" falando de nossos sonhos - talvez bobos, mas, muito sinceros - tinham feito tanto bem.
   Decidimos nossas vidas, de amigos e de pessoas que nunca havíamos conhecido, mas com destinos entrelaçados por histórias diferentes. Ela era a única pessoa pra quem eu havia contado meus sonhos mais loucos, ou como chamam os que insistem em fingir que não sonham: sonhos impossíveis - talvez por saber que ela sonhava tão alto como eu e não me repreendia por sonhar, mas sonhava junto a mim. Todavia, passamos a falar dos sonhos mais próximos, de forma que nós éramos crentes do que nós mesmas sonhávamos e falávamos. E podem até tentar adivinhar, mas ninguém nunca saberá exatamente quais os nossos sonhos ingenuamente infantis que continuam vivos em nós, até que mostremos que eles são possíveis e que poderemos realizá-los.
   Mas, o maior presente que recebi dela foi naquele dia, e não foi apenas compartilhar meus sonhos com alguém que era tão sonhadora quanto eu e que lutava pelos sonhos junto comigo, mas foi quando passado um minuto do término da ligação, recebi uma mensagem em meu celular que me trouxe a certeza de que pude fazê-la sorrir novamente:

"Kkkk... Das 22:30 até às 1:45 não é pouco, não! Te amo, amiga! Ass.: Carol Revorêdo"

   Bom, Revô...tudo o que tenho a dizer que possa fazer algum sentido é que se eu não me permito te ver triste, é porque o seu sorriso me dá motivos para continuar sorrindo e acreditando no verdadeiro significado da palavra amizade. Obrigada pelo afeto, pela confiança e pelo apoio incondicional que tem me dado desde o momento em que nos conhecemos e, conseqüentemente, nos tornamos amigas. Enfim, obrigada por existir. Te amo muito, Revô.

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