terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Na varanda.


   Ela estava em seu quarto. Pensava, e mais nada. Estava quieta, estava só. O silêncio interrompeu-se com o canto da brisa, que a chamava. A brisa a puxava para fora. Ela a obedeceu e pôs-se em direção à sua varanda. Ah, boa varanda... Ar puro, silêncio melódico e calmaria. Descalça, sentia o gelado do piso em seus pés. O corpo tremia. Havia uma rede estendida. Era branca. Deitou-se. Não havia contraste algum entre o branco da rede e o tom de sua pele. O vento a balançava tanto, que ela podia crer que havia alguém ali a niná-la. Ela via um céu todo estrelado como um teto. Luz da lua iluminava a noite. Uivar de cachorros e barulho de talheres a se baterem nos pratos, era tudo que se ouvia. De repente, música. "Vento, ventania nos olhos tão distantes (...)". O vento beijava seu rosto. Frio. As palmeiras dançavam. Folhas voavam. Flores dançavam. Maripousas pousavam. Era surreal. A vista que se tinha ali era realmente incrível. A música parou. Novamente, silêncio. Levantou-se. Entrou em seu quarto, pegou seu violão e voltou. Era como Euterpe. Era Euterpe com violão, não com flauta. O violão parecia mais doce a cada dedilhar. Não havia nada. Mas, havia tudo. Era como se houvesse o mundo inteiro num lugar pequeno da casa. Por isso, era o melhor lugar. O melhor lugar do mundo. Era onde estava sempre. Na varanda ela era feliz. Na varanda...

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