domingo, 17 de janeiro de 2010

Velhice precoce.

   "Como ela é madura pra sua idade!", era o que todos comentavam sobre a garota. Ela? Gostava sim, mas cansava de ouvir o mesmo, gostando ainda mais de poder ter seus momentos de menina, simplesmente. Gostava de se molhar na chuva e de correr; brincava de boneca; sorria de jeito sapeca; vivia sorrindo, fazendo os outros sorrirem;... Mas, era madura demais, na maioria das vezes. Nunca perdeu o jeitinho de menina, mas costumava agir feito mulher. Devido aos problemas que apareceram aos seus 10 anos de idade, ela amadureceu cedo. Ela cuidava dos amigos, da família, dos cachorros,... só não conseguia cuidar de si. Dava seu ombro, seu consolo, suas palavras e seus abraços para os que a rodeavam. E ela, como ficava? "Ela não precisava de nada disso, ela era madura!", era o que todos pensavam.
   Num dia, começou a chover. Sempre que chovia, ela ficava em casa na companhia de um chocolate quente, boa música e um bom livro, no conforto de sua caminha quente. Só que aquele dia era diferente. Colocou seu vestidinho com um tênis, fez rabo-de-cavalo no cabelo, e saiu. Não saiu com um guarda-chuva, saiu correndo na chuva. Era um sonho real. Era meninice. Estava fugindo da mesmice de ser um adulto chato. Parecia um tipo de Peter Pan, e agia como se fosse voar a qualquer instante. Tentou voar. Caiu. Machucou-se. Chorou. Chorava feito criança. Mas, o chorar de dor se confundia com o chorar de muito sorrir. E levantou. Brincou no parque. Passou o tempo. E nem percebeu... já raiava imperador, o sol. Voltou pra casa. Abriu a porta devagar e escondida - como se temesse que a vissem. Toda molhada e machucada, subiu devagar os degraus. Entrou em seu quarto. Fechou a porta. Arrumou-se para não pegar um resfriado. Já dormia o sol. A lua e as estrelas tomavam conta do céu. Sentou-se em sua cama, onde podia ver o que acontecia lá fora. Ela sabia que ela tornava mais madura a partir daquele dia, pois havia aceitado que era só uma criança.

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