Ela chorava. Estava nos degraus acima. Eu estava nos degraus abaixo, segurando meu choro. Ela parecia desnorteada. Não havia nexo, convexo, pretexto ou conversa alguma que a fizesse sorrir. Estava muda. Sem hesitar, subi os degraus. Ela me olhava com dor, medo, angústia, desesperança,... Abracei-a. Ela abraçou-me forte e, como se eu fosse um refúgio, suas lágrimas correram, seu soluço soluçou-se mais forte e o rosto enrubou-se. Meu coração apertou. Não sabia o que fazer, nem como fazer, nem o que dizer. Mas, percebi que as ações valiam mais e tudo que era preciso, naquele instante, era meu abraço. Senti-me forte, mas frágil. Sabia que meu abraço era o que necessitava e, realmente, era isso que necessitava. Nenhum conselho, palavra amiga ou piadas bobas, na tentativa de fazê-la sorrir. Bastava um abraço. Um abraço meu. Segurou minha mão. Naquela vez, eu sentia a mais pura verdade em seu olhar. Falou-me da dor. Falou-me da dor de perder seu amor por 'um erro'. As palavras me serviram como arma, atirando em meu coração, mais precisamente. E tudo que eu queria dizer, era tudo o que ela queria escutar:
- Eu estou aqui.
- Hunrum... Te amo, minha amiga. Te amo.
- Eu também...
Silêncio... Barulho! Passos rápidos. Molho de chaves. Porta abriu-se. Passos lentos. O Motor ligou. O portão abriu-se. O carro saiu. Fiquei em vazio. Carros. Motos. Pessoas. Nada. E o vazio prolongou-se por horas, pois tudo que tinha eram lágrimas. E as lágrimas saíram de meus olhos feito pétalas em outono, levando o que ainda restava de mim. Entrei em casa. O som estava ligado. Desliguei-o. Silêncio. Chaves. Porta fechada. Silêncio! E quem precisava de um abraço, agora, era eu mesma. E chegou meu outono, novamente...
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