quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pétalas caídas.


   Ela chorava. Estava nos degraus acima. Eu estava nos degraus abaixo, segurando meu choro. Ela parecia desnorteada. Não havia nexo, convexo, pretexto ou conversa alguma que a fizesse sorrir. Estava muda. Sem hesitar, subi os degraus. Ela me olhava com dor, medo, angústia, desesperança,... Abracei-a. Ela abraçou-me forte e, como se eu fosse um refúgio, suas lágrimas correram, seu soluço soluçou-se mais forte e o rosto enrubou-se. Meu coração apertou. Não sabia o que fazer, nem como fazer, nem o que dizer. Mas, percebi que as ações valiam mais e tudo que era preciso, naquele instante, era meu abraço. Senti-me forte, mas frágil. Sabia que meu abraço era o que necessitava e, realmente, era isso que necessitava. Nenhum conselho, palavra amiga ou piadas bobas, na tentativa de fazê-la sorrir. Bastava um abraço. Um abraço meu. Segurou minha mão. Naquela vez, eu sentia a mais pura verdade em seu olhar. Falou-me da dor. Falou-me da dor de perder seu amor por 'um erro'. As palavras me serviram como arma, atirando em meu coração, mais precisamente. E tudo que eu queria dizer, era tudo o que ela queria escutar:
- Eu estou aqui.
- Hunrum... Te amo, minha amiga. Te amo.
- Eu também...
   Silêncio... Barulho! Passos rápidos. Molho de chaves. Porta abriu-se. Passos lentos. O Motor ligou. O portão abriu-se. O carro saiu. Fiquei em vazio. Carros. Motos. Pessoas. Nada. E o vazio prolongou-se por horas, pois tudo que tinha eram lágrimas. E as lágrimas saíram de meus olhos feito pétalas em outono, levando o que ainda restava de mim. Entrei em casa. O som estava ligado. Desliguei-o. Silêncio. Chaves. Porta fechada. Silêncio!  E quem precisava de um abraço, agora, era eu mesma. E chegou meu outono, novamente...

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